Manual de Treinamento CONCEITOS E TECNOLOGIAS QUE VISAM A AUMENTAR

CONCEITOS E TECNOLOGIAS
QUE VISAM A AUMENTAR
O CONTROLE DE PRAGAS
E DOENÇAS DE BAIXEIRO
EDIÇÃO Nº 01/2014
Código: 0416-tp
Manual de Treinamento
Máquinas Agrícolas Jacto
Rua Dr. Luiz Miranda, 1650
17580-000 - Pompéia - SP - Brasil
Tel.: (14) 3405-2100 Fax: (14) 3452-1916
e-mail: [email protected]
www.jacto.com.br
.
Índice
1. In t r o duç ão .. . . . . . . . . . . . . ......................................................... 5
2. Bic o s de P ul v er iz aç ão....................................................... 6
2.1. Clas s e s de go t as........................................................ 6
2. 2. C ob er t ur a. . . . . . . . . ........................................................ 7
2. 3. P ene t r aç ão . . . . . . . ......................................................... 8
3. Sis t ema Vor t ex. . . . . . . ......................................................... 9
3.1. P on t o s de r e gulagem do vor t ex.................................... 9
3. 2 Ro t aç ão. . . . . . . . . . . . . ....................................................... 1 0
3. 3 Velo cidade do ar........................................................ 1 0
3.4 Van t agens de u tiliz ar o sis t ema .................................. 1 2
3.4 .1 Re du ç ão da Deri v a . . ............................................ 1 2
3.4 . 2 P o s sibilidade de uso de maior e s velo cidade s......... 1 3
3.4 . 3 Re du ç ão de volume . . ........................................... 1 3
3.4 .4 A plic aç õe s c om ven t o ambien t e de s f avor ável........ 1 3
3.4 .5 Rendimen t o op er acional...................................... 1 3
3
1. Introdução
A busca por aplicações de agroquímicos
mais eficientes e seguras tem norteado a
principal linha de pesquisas do setor, bicos
de pulverização, sistema vortex, adjuvantes, entre outras, são alternativas que se
apresentam como opções viáveis na busca
por qualidade e uso racional dos recursos.
Todos esses problemas têm como principal
característica o difícil controle devido ao
local em que se localizam, baixeiros, face
inferior das folhas e pontos de difícil acesso, fazem com que o acerto do alvo biológico se torne muito complicado, a seguir
apresentaremos quais técnicas podem ser
utilizadas para melhoraria dessa atividade.
O uso intensivo das áreas de produção, a
busca incessante do aumento da produtividade, e o aumento no número de aplicações têm contribuído para o aparecimento de problemas de difícil controle como
ferrugem asiática, mofo branco e recentemente o ataque intenso de lagartas do gênero helicoverpa.
Fonte ANDEF: Associação Nacional de Defesa Vegetal
5
2. Bicos de Pulverização
2.1. Classes de gotas
A gota formada por um bico de pulverização
carrega consigo todo um planejamento que
visa ao controle de um problema seja ele fungo, praga ou planta daninha. A estruturação
desse planejamento deve ser exaustivamente
estudada, levando em conta as características
do problema a ser tratado e o ambiente em
que se encontra. A escolha correta da gota é
o ponto chave para o sucesso da aplicação.
Uma das principais diferenças existentes entre os modelos de bicos de pulverização está
no tamanho da gota gerada. Para cada família de bicos uma característica de classe de
gota é atribuída a ele, essa variação se faz
necessária devido aos diferentes problemas
encontrados no campo, diferentes tipos de
culturas tratadas, condições climáticas diferentes e principalmente o tipo de agroquímico objetivando o controle de diferentes
problemas.
Os modelos de bicos apresentam classes de
Modelo ATR
Gota: Muito Fina
Modelo JAP
Gota: Grossa
6
gotas que variam de muito fina a extremamente grossa, passando por fina, média,
grossa e muito grossa, podendo ser variáveis
dentro de um mesmo modelo através da variação de pressão.
A classe de gota escolhida para o momento
de aplicação se faz extremamente importante para a melhoria da qualidade, redução no
risco de deriva, evaporação, cobertura e penetração, fatores que estão interligados diretamente a classe de gotas.
Seguem exemplos de modelos de bicos e suas
respectivas classe de gota.
Modelo API
Gota: Fina
Modelo CVI
Gota: Muito Grossa
Modelo ADI
Gota: Média
Modelo TVI
Gota: Extremamente Grossa
2. Bicos de Pulverização
2.2. Cobertura
Cobertura refere-se a quantidade de gotas
depositadas em uma determinada área no
momento da aplicação.
Para cada tipo de produto utilizado, recomenda-se uma quantidade mínima de gotas
por cm², conforme tabela 1:
Tabela 1: Quantidade de gotas/cm² em função do tipo de agroquímico utilizado.
Produto
Gotas/cm2
Tamanho de gotas
Inseticida Sistêmico
20 a 30
média/grossa
Inseticida de Contato
50 a 70
fina/média
Herbicida: Pré-Emergente
20 a 30
média/grossa a grossa/muito grossa
Herbicida: Pós-Emergente - Sistêmico
20 a 30
média/grossa a grossa/muito grossa
Herbicida: Pós-Emergente - Contato
30 a 40
fina/média a média/grossa
Fungicida - Sistêmico
50 a 70
fina/média
> 70
muito fina/fina
Fungicida - Contato
Fatores como a quantidade de alvo a ser coberto, tamanho da gota, e a taxa de aplicação
(l/ha) interferem diretamente na cobertura,
sendo esse um dos parâmetros de qualidade
mais utilizado e com maior praticidade de
avaliação no campo.
Considerando um mesmo volume de líquido
a ser aplicado, na medida em que o tamanho das gotas é reduzido, resulta-se em um
maior número delas por área, o que pode aumentar a cobertura sobre o alvo. Esta técnica
permite utilizar uma determinada cobertura
que satisfaça as necessidades de cada uma
das aplicações, buscando a maior eficiência
possível do produto aplicado, com o menor
volume de líquido pulverizado, conforme representado na figura 1.
Figura 1: cobertura em função da classe de gota e taxa de aplicação
7
2.3 Penetração
A possibilidade de utilizar gotas mais finas com maior eficiência favorece a deposição sobre a
cultura. Essas gotas mais finas, porém, necessitam da movimentação das folhas causada pelo ar
para que penetrem no interior da cultura, que em estágios de desenvolvimento mais avançados,
se tornam muito fechadas. Esta agitação das folhas faz a pulverização atingir todas as áreas,
mesmo aquelas que ficam “escondidas” sob as plantas, eliminando assim o efeito guarda-chuva,
eventual responsável pela baixa eficiência das aplicações, como mostra a figura 2.
Figura 2: penetração das gotas em função de sua classe
O quadro abaixo apresenta um resumo das diferentes classes de gotas e seu provável comportamento nas aplicações.
8
3. Sistema Vortex
Outra tecnologia que tem como objetivo
aumentar a penetração das gotas na massa
foliar é o Sistema Vortex que faz com que a
cultura possa captar mais gotas na face inferior das folhas provenientes da deflexão
do ar pela superfície do solo, obtendo assim
um melhor controle de insetos e fungos que
se localizam na face inferior da folha, bem
como das ervas daninhas que ficam protegidas por plantas maiores.
Esta tecnologia na barra de pulverização é
uma ferramenta utilizada para melhorar a
qualidade das aplicações, sempre com o objetivo de aumentar a deposição dos produtos
fitossanitários em locais de difícil acesso (baixeiro) onde as aplicações tradicionais podem
ser deficiente.
O sistema vortex tem por objetivo aumentar
o rendimento operacional (menores volumes
e reabastecimentos, maior velocidade de deslocamento e extensão dos horários de pulverização), reduzir a deriva (velocidade do vento
da máquina é maior que o vento ambiente) e
a exposição a esses produtos (SARTORI, 1997).
3.1 Pontos de regulagem do vortex
O sistema Vortex apresenta dois pontos de
regulagem para ajustar a aplicação às características de enfolhamento da cultura: uma
delas é a angulação da canaleta de saída de
ar. Esse dispositivo é mostrado em detalhe na
foto ao lado (A), figura 3.
A
Figura 3: Regulador do ângulo de inclinação
da canaleta de saída do ar.
A recomendação para uso da angulação da
canaleta de ar segue o critério apresentado
na tabela 2:
Tabela 2: Angulação da canaleta de ar
Condição da cultura
Ângulo na canaleta de ar
Início de desenvolvimento
(Vê-se mais solo do que folhas)
Não se recomenda
o uso do vortex
Desenvolvimento vegetativo intermediário
(É possível ver o solo nas entrelinhas)
Utilizar angulações
frontais de 0 a +30º
Cultura bastante enfolhada
(Não é possível ver o solo)
Utilizar angulação de 0º
(perpendicular)
Fonte: Centro P&D – Jacto S/A
9
3. Sistema Vortex
3.2 Rotação
Outro ponto de regulagem é a rotação dos
ventiladores que aumenta proporcionalmente
a velocidade do ar na barra. Esse ajuste é feito
para o caso dos equipamentos que contam
com controlador eletrônico, no computador de aplicação, numa escala que varia de
0 a 10. Na figura 3 é mostrado o detalhe da
tela de ajuste da rotação.
Figura 3: Display de regulagem do sistema vortex
Em outros equipamentos coo Falcon Vortex,
Advance 2000 e 3000 Vortex e Advance
BK, esse ajuste da velocidade do ar deve
ser feito regulando-se a abertura de uma
válvula que controla o fluxo de óleo do
sistema hidráulico do ventilador e consequentemente a rotação dos ventiladores.
Alguns tipos de válvula são mostrados nas
figuras 4 e 5:
Figuras 4 e 5: Válvulas reguladoras
3.3 Velocidade do ar
A recomendação de uso da velocidade do ar para o Uniport Vortex segue o critério apresentado na tabela 3:
Tabela 3: Velocidade do ar - Uniport Vortex
Condição da cultura
Início de desenvolvimento
(Vê-se mais solo do que folhas)
Desenvolvimento vegetativo intermediário
(É possível ver o solo nas entrelinhas)
Cultura bastante enfolhada
(Não é possível ver o solo)
Fonte: Centro P&D – Jacto S/A
10
Velocidade do ar (escala)
Desligado
4a6
8 a 10
3. Sistema Vortex
Para o caso dos equipamentos que contam com regulagem manual do sistema vortex, a regulagem deve seguir o critério apresentado na tabela 4:.
Tabela 4: Critérios para regulagem manual do sistema Vortex
Máquina modelo
Condição de enfolhamento
Início de desenvolvimento
vegetativo
Rotação (velocidade)
Desenvolvimento vegetativo
intermediário
1160 rpm (10 m/s) a
1740 rpm (16m/s)
2320 rpm (21m/s) a
2900 rpm (26 m/s)
Advance
3000 Vortex
Cultura com grande
densidade foliar
Início de desenvolvimento
vegetativo
Desenvolvimento vegetativo
intermediário
Cultura com grande
densidade foliar
Início de desenvolvimento
vegetativo
Desenvolvimento vegetativo
intermediário
BK 3024
Cultura com grande
densidade foliar
Início de desenvolvimento
vegetativo
Desenvolvimento vegetativo
intermediário
Falcon vortex
Advance
2000 vortex
Cultura com grande densidade foliar
Desligado
Desligado
1170 rpm (11 m/s) a
1755 rpm ( 17 m/s)
2340 rpm (22 m/s) a
2925 rpm (28 m/s)
Desligado
1160 rpm (11 m/s) a
1740 (17 m/s)
2320 rpm (22 m/s) a
2900 rpm (28 m/s)
Desligado
920 rpm (12 m/s) a
1380 rpm (18 m/s)
1840 rpm (24 m/s) a
2300 rpm (30 m/s)
Fonte: Adaptado a partir das conclusões de trabalhos referente a utilização do sistema Vortex.
11
3.4 Vantagens de utilizar o sistema
3.4.1 Redução da Deriva
Conceitualmente, todo produto que não atinge
o alvo, através da ação do vento, escorrimento
ou evaporação é visto como deriva.
O sistema vortex forma uma “barreira” de ar
fazendo com que o vento ambiente não consiga deslocar a massa de gotas pulverizada
para áreas vizinhas. Cuidados na escolha da
melhor configuração para o volume e velocidade de ar utilizados na aplicação são de
extrema importância para o sucesso do sistema, verifique na tabela 4.
Embora a utilização do sistema Vortex se
configure em uma tecnologia que visa a aumentar a eficiência dos agroquímicos, alguns
cuidados devem ser obedecidos para evitar
possíveis problemas com a deriva, dentre
eles o tamanho da gota ideal.
Escolha do tamanho de gota ideal:
• Bicos que produzem gotas grossas ou extremamente grossas, apesar de contribuírem para redução de deriva pelo vento
quando utilizadas em conjunto com o
sistema vortex, podem aumentar o risco
de escorrimento, devido a associação de
maior peso da gotas e a utilização do sistema em altos níveis de velocidade e volume de ar, portanto, há casos onde o uso
total da potência dos ventiladores não é
indicado.
• Já as gotas extremamente finas devem ser
utilizadas com umidade relativa superior
a 70% devido a sua grande probabilidade
da evaporação em dias com umidade relativa baixa.
• A assistência de ar na barra de pulverização gera uma cortina de ar que sai ao
lado dos bicos, cerca de 90 km/h, impulsionando as gotas pulverizadas em direção ao alvo, abrindo uma janela de aplicação e reduzindo assim o efeito da ação
convectiva. Fenômeno esse representado
pela figura 6.
Figura 6: Ação convectiva; vento ausente; temperatura elevada; Insolação alta.
12
3.4 Vantagens de utilizar o sistema
3.4.2 Possibilidade de uso de velocidades maiores de caminhamento
Em aplicações convencionais, o uso de altas velocidades pode aumentar a deriva. O
uso de uma cortina de ar propicia melhor
aproveitamento dessas gotas na pulverização, como podemos observar na tabela 5
abaixo, aumentando o aproveitamento do
produto aplicado, reduzindo a contaminação do ambiente e do operador e melhorando consequentemente a eficiência da
aplicação.
3.4.3 Redução de volume
A diminuição da fração de perdas por deriva
e a possibilidade de uso de gotas menores e
de maior capacidade de cobertura favorecem
a redução do volume de água para pulverização, aumento da capacidade operacional
e conseqüentemente diminuição dos custos.
3.4.4 Aplicações com vento ambiente desfavorável
Devido a cortina de ar, é possível a pulverização mesmo sob condições mais desfavoráveis de vento ambiente, quer seja por
vento muito forte ou ausente, maximizando
a qualidade da pulverização e aumentando
a janela de aplicação.
3.4.5 Rendimento operacional
A eficiência de uma operação de pulverização é muito dependente dos tempos perdidos por fatores diversos, com a utilização do
sistema Vortex os fatores mais prejudiciais
podem ser minimizados.
A possibilidade de trabalhar com menores
volumes de água aumenta a produção diária
do equipamento já que diminui o número
de reabastecimentos necessários, facilitando
a operação de pulverização.
Com a utilização do sistema é possível trabalhar com bicos de baixa vazão e gotas mais
finas, desta forma, o volume de aplicação
pode ser reduzido em relação ao sistema
convencional para uma mesma cobertura.
Veja na tabela abaixo uma análise para determinar área de domínio com Uniport Vortex levando em conta diferentes taxas de
aplicação.
13
3. Sistema Vortex
Tabela 5: análise para determinar área de domínio com Uniport Vortex levando em conta diferentes taxas de aplicação.
Características
Volume aplicação
Distância da fonte de
abastecimento
Vazão de enchimento
Velocidade de trabalho
Velocidade de translado
Parada por condições
climáticas adversas
Largura de trabalho
Volume do tanque
Resultados
Autonomia de 1 tanque
Distância da autonomia do
tanque
Eficiência Operacional
Capacidade diária
Área de domínio
14
Unidade
Uniport
Vortex 24m
Uniport
Vortex 24m
Uniport
Vortex 24m
l/ha
200
100
50
km
0,5
0,5
0,5
l/min
km/h
km/h
1000
18
30
1000
18
30
1000
18
30
h/dia
0
0
0
m
litros
24
3000
24
3000
24
3000
min
20,8
41,7
83,3
km
6,3
12,5
25,0
%
h/dia
ha
79,5%
262
1831
87,9%
289
2024
92,8%
305
2137
3. Sistema Vortex
Outro fator que altera a eficiência da pulverização é a parada devido ao vento, quando
o mesmo supera os valores recomendados
para aplicação.
Em uma pulverização convencional, quando
o vento atinge cerca de 15 km/h deve-se parar o pulverizador, pois a qualidade da aplicação será comprometida. Em pulverizações
com cortina de ar é possível pulverizar com
vento acima de 15 km/h, sem que haja deriva significativa (fonte: Fundação ABC).
Tabela 6: análise para determinar área de domínio com Uniport Vortex levando em conta diferentes taxas de aplicação.
l/ha
Uniport
Star 24m
200
Uniport
Star 24m
100
Uniport
Star 24m
50
km
0,5
0,5
0,5
l/min
km/h
km/h
1000
1
30
1000
18
30
1000
18
30
h/dia
2
2
2
m
litros
24
2500
24
2500
24
2500
min
19,5
39,1
78,1
km
5,2
10,4
20,8
%
h/dia
ha
80,2%
173
1211
88,4%
191
1335
93,1%
201
1406
Características
Unidade
Volume aplicação
Distância da fonte de
abastecimento
Vazão de enchimento
Velocidade de trabalho
Velocidade de translado
Parada por condições
climáticas adversas
Largura de trabalho
Volume do tanque
Resultados
Autonomia de 1 tanque
Distância da autonomia
do tanque
Eficiência operacional
Capacidade diária
Área de domínio
ATENÇÃO!
A definição dos parâmetros que serão adotados em uma aplicação é de extrema
e fundamental importância para redução dos riscos que envolvem a atividade
de aplicação de defensivos. Por isso, sempre consulte um profissional qualificado.
15